História da Fitoterapia


História da Fitoterapia


ervas


 Um misto de ciência e curandeirismo: assim se pode definir o uso terapêutico de plantas ao longo da história humana. E, apesar do respaldo científico que vem ganhando nos últimos anos, o conhecimento da ação medicinal das ervas é baseado na cultura popular. Fitoterapia vem do grego e quer dizer tratamento (therapeia) vegetal (phyton), ou ainda "a terapêutica através das plantas".

Desde a antiguidade é muito utilizada pelos diversos povos de todo o mundo. A cada dia vem ganhando mais credibilidade e despertando mais interesse em todas as camadas sociais.

 É interessante especular como as civilizações antigas faziam para descobrir o uso a dar às plantas medicinais. Não existem evidências de que existia algum sistema de medicina presente que pudesse explicar o funcionamento do corpo e da manutenção da saúde.


O ser-humano seguia somente o seu instinto natural. Com uma grande aproximação à natureza, os nossos antepassados tinham um grande conhecimento sobre como usar o ambiente para se manterem vivos.

 Este instinto pode ser visto nos animais que não vivem em cativeiro, que podem consumir alimentos em quantidade e combinação correctas para a manutenção da saúde; sabendo quais as plantas a evitar por serem venenosas e também escolher as plantas certas para comer quando estão doentes. Tal comportamento provavelmente também se passou com os nossos antepassados, que adquiriram gradualmente mais conhecimento, capaz de utilizar as diferentes plantas e ervas para se manterem bem.

Os primeiros escritos relativos à medicina pelas plantas têm cerca de 5000 anos e são obra
da Civilização Suméria. Consistem numa série de placas de argila, gravadas com caracteres
cuneiformes, referindo “receitas medicinais” com plantas. Assim começa a “história oficial” da
fitoterapia, ainda que, na realidade a sua origem remonta à pré-história. Desde sempre o homem utilizou as plantas, quer como alimento, quer para fins curativos, pelo que todas as civilizações desde as mais antigas, foram progressivamente descobrindo as suas virtudes e segredos.

Ao longo dos tempos foi-se acumulando um manancial de conhecimentos empíricos que evoluíram até aos nossos dias. Hoje, os métodos científicos, juntamente com a tecnologia de ponta, permitem-nos identificar os princípios activos das plantas, descobrir-lhes novas propriedades e desenvolver novas apresentações para uma utilização mais eficaz, mais simples e mais adaptada à vida atual.


Ao longo da história da humanidade, a arte da cura tem sido uma doutrina crescente e em mudança. Se olharmos para a história da medicina em várias civilizações podemos perceber muitos paralelos. Segue um resumo histórico da medicina no Egito, China, Índia, Grécia, Roma, Árabe e a Medicina Moderna na Europa. Em cada uma destas, podemos observar um grande número de similaridades.


Egito - Um papiro egípcio de 3300 a.C. descreve muitas plantas, animais e remédios inorgânicos. Muitos destes foram provavelmente descobertos empiricamente e alguns como o coentro, o funcho, o sene e o absinto são usados ainda hoje. Existe uma clara evidência de ópio produzido a partir da papoula cultivada no Vale do Mesopotâmio, provavelmente a primeira experiência do ser-humano na preparação de medicamentos.


China - Um livro chamado Suo Uen, datado de mais de 5000 anos, contém o registro de mais de 300 plantas. O Pen T’sao Kang (Grande Herbário), datado de 1552 aC., contém 1871 remédios com 8160 fórmulas descritas em 52 volumes. Ainda hoje na China, a Fitoterapia é a principal terapêutica ensinada nas universidades de Medicina Tradicional Chinesa, sendo mais exercida que a Acupuntura.


O fundamento básico para a medicina chinesa é o uso dos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal, água) em conjunto com o conceito Yin/Yang (como um pulsar de forças que manifestam tudo no universo) e a força vital de cada ser vivo, chamado de Qi ou energia da vida. Estes três conceitos são usados para explicar as mudanças na saúde do corpo humano.


Um exemplo da eficácia da medicina chinesa em comparação com a medicina moderna é o uso das ervas chinesas para o tratamento de eczemas. Usando a teoria médica chinesa, podemos dar uma explicação sobre o eczema como sendo um excesso de calor no corpo, manifestando-se na pele. A prescrição apropriada envolveria uma erva refrescante.


Análises químicas destas ervas revelam componentes interessantes como os esteróides naturais. Do ponto de vista dos médicos ocidentais, os esteróides podem ser um tratamento eficaz para o eczema, pois diminuem a inflamação (e o calor) e, em cremes, são uma forma comum de tratamento do eczema na medicina moderna.


Índia - Em sua milenar medicina denominada Ayurveda, a Fitoterapia recebe destaque especial, existindo registros do seu uso há 4000 anos. No período Bramânico, (em torno do século IX aC), foram feitas anotações da utilização de mais de 1000 vegetais. O conceito de equilíbrio numa pessoa e também no seu ambiente é o ponto fundamental desta medicina, tão antiga e eficaz quanto a medicina chinesa. 

Também trabalha com cinco  elementos – terra, ar, fogo, água e éter. Isto sugeriria que este conceito deve ter vindo da China e influenciou outras culturas como o conceito de éter da Grécia Antiga. 

A Medicina Ayurvédica também reconhece o conceito de força vital inerente de todos seres vivos, denominado Prana. Grécia e Roma - No Século V a.C., Empedócles descreveu quatro elementos que asseguravam a vida. Estes eram, a terra, o ar, o fogo e a água. Acreditou-se que se relacionavam a quatro humores do corpo, nomeadamente bílis preta, sangue, bílis amarela e muco. O princípio era de que um desequilíbrio em algum desses elementos causava a má saúde.


Hipócrates (462 a.C.) é indiscutivelmente o médico mais conhecido do seu tempo e é também referido como o Pai da Medicina. Ele usou uma gama de 300 remédios diferentes que, juntamente com uma mudança no estilo de vida e dieta, foram usados para corrigir desequilíbrios no corpo. 

Ele é também recordado por utilizar massagens e hidroterapia. Uma de suas frases famosas: “É mais importante conhecer o tipo de pessoa que tem a doença, do que conhecer o tipo de doença que a pessoa tem”.


Os romanos fizeram um avanço impressionante quanto aos cuidados com a saúde.
Estabeleceram a importância do uso de água limpa, dispuseram de sistema de esgotos e consequentemente de higiene. Esta foi uma das primeiras formas de medicina preventiva do Ocidente. Os romanos também aceitaram a idéia de isolar quem estava afetado por determinadas doenças.


O uso das ervas floresceu durante o Império Romano, usando o conhecimento que
provavelmente foi obtido dos Gregos. Dioscorides fez um herbário descrevendo 600 plantas, ilustrado a cores. 

Galeno empreendeu a primeira forma de controle de qualidade, incentivando os funcionários públicos romanos a fiscalizar o conteúdo dos remédios. Galeno também foi o primeiro a combinar ervas na prática médica Ocidental. Estas misturas de ervas eram conhecidas como galénicas, um termo que ainda é utilizado nos dias de hoje.


Pérsia/Árabe - O declínio do Império Romano reduziu o avanço do conhecimento na Europa. Este período é recordado na história como a Idade das Trevas, onde o trabalho científico e cultural ficou estagnado. Também, os avanços na teoria médica e herbal declinaram.

Entretanto o conhecimento sobre o uso das ervas foi mantido vivo pelos monges. Eles estavam numa posição privilegiada podendo ser capazes de manter registos escritos disponíveis e manteram o conhecimento médico e herbal relativamente intacto durante este período. 

A lacuna deixada pelo colapso do Império Romano era preenchido pelo surgimento do Islã e a proeminência do Império Muçulmano que perdurou dez séculos. Os Persas e os Árabes mantiveram as idéias de Galeno, mas adicionaram os seus próprios remédios como a Cânfora e o Bórax. 

No Século XI uma enciclopédia médica chamada “The Canon Medicinae” foi escrita pelo médico Avicena. Esta tornou-se a base para o conhecimento no Ocidente por muitos séculos.


Renascimento na Europa - Como todos os grandes impérios, a força do Império Muçulmano declinou, dando caminho para o renascimento da cultura Europeia e o Período da Renascença. 

Este foi o período das descobertas, com as viagens de Cristóvão Colombo, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, das numerosas invenções e o começo das bases físicas e químicas. Aspectos científicos e culturais no mundo Ocidental progrediram com grande velocidade.


Com a invenção da impressa nos Séculos XVI e XVII, viu-se a produção de muitos trabalhos sobre ervas. Havia também traduções de trabalhos médicos do Grego clássico para muitas línguas. 

Durante este tempo, o conhecimento de plantas aumentou com o trabalho de William Turner (1568), Jonh Parkinson (1640) e Nicholas Culpepper (1652). Estes herbalistas estabeleceram o lugar para muitas das ervas que nós usamos hoje.


Entre os mais ilustres personagens da história da medicina ocidental, esta o médico alquimista conhecido pelo codinome de Paracelso, nascido na Suíça em 1493, falecido em 1541. 

Grande gênio da medicina e farmacologia, é considerado o primeiro investigador das Ciências Alquímicas Ocidentais, introduzindo a alquimia na preparação de medicamentos, afirmando que “a principal finalidade da Alquimia não é fabricar ouro, e sim, produzir medicamentos”. 

Paracelso começou por questionar os antigos conceitos e opiniões dos humores, e o desequilíbrio dos humores no corpo. Viu a doença como um evento externo e sugeriu que as plantas tinham ingredientes activos que poderiam influenciar tais eventos. Esta foi a época onde epidemias como a peste bubonica, a malária e a sífilis tiveram que ser enfrentadas.


Um passo significativo na medicina Ocidental foi o renascimento durante o Século XVIII, da ideia de higiene e saúde, que os Romanos introduziram séculos antes. O escocês Jenner, o francês Pasteur e o alemão Koch, foram os primeiros a reconhecer que microorganismos poderiam ser responsáveis por doenças infecciosas e que muitas doenças e epidemias eram transmitidas de pessoa para pessoa e pela falta de higiene. 

Lister foi o primeiro a esterilizar instrumentos cirúrgicos. 


Texto retirado da apostila de fitoterapia de Rafael Ninno Muniz

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